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Notícias Contábeis
75% das MPMEs estão otimistas com IA, mas ainda enfrentam desafios culturais e de qualificação, diz Microsoft

Três em cada quatro micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) brasileiras veem com otimismo o uso da inteligência artificial (IA) em suas operações, e 73% dessas empresas pretendem manter ou iniciar investimentos nesse tipo de tecnologia. Ao mesmo tempo, 33% das médias e 21% das nativas digitais informaram que estão revendo seus investimentos em IA. Os dados, obtidos com exclusividade por PEGN, fazem parte da sexta edição da pesquisa “IA em micro, pequenas e médias empresas: tendências, desafios e oportunidades”, encomendada pela Microsoft à Edelman Comunicação.
Segundo a pesquisa, 65% das MPMEs já utilizam a tecnologia em seus processos, 57% dizem contar com a infraestrutura adequada para isso e 61% têm planos ou metas definidas para sua implementação. Para 54%, a IA é uma prioridade estratégica, porém 6 em cada 10 empresas afirmaram que precisam realizar mudanças culturais para se adaptarem.
“Estamos em um ponto de inflexão onde as MPMEs estão não apenas otimistas, mas também proativas em adaptar suas operações para integrar a IA generativa, reconhecendo seus benefícios transformadores e se preparando para um futuro mais eficiente e inovador”, afirma Alba Hermo, vice-presidente de Data & Intelligence da Eldeman Mexico & Latin America.
Apesar do otimismo, as empresas responderam que enfrentam desafios, como a falta de profissionais qualificados: 28% das MPMEs afirmaram que sentem dificuldade para encontrar profissionais especializados e 24% mencionam dificuldades em capacitar suas equipes atuais — esse valor sobe para 33% entre as de médio porte.
“A qualificação é fundamental, porque estamos saindo da primeira fase da inteligência artificial, que é a recuperação de dados, e entrando em uma nova etapa, focada na execução de tarefas. A terceira fase será a automação. A ideia é que as empresas passem a usar a IA não apenas para analisar dados, mas também para tomar decisões e executar ações definidas pelo usuário”, diz Andrea Cerqueira, vice-presidente de Vendas Corporativas para Clientes e Startups na Microsoft.
Neste ano, pela primeira vez, o estudo diferenciou o uso da IA tradicional (como machine learning e deep learning) da IA generativa, usada para criação de conteúdo. Em 2024, 61% responderam usar IA (contra 73% em 2023) e 57% disseram utilizar a versão generativa.
A pesquisa ouviu 306 empreendedores, gerentes ou diretores de empresas de diferentes setores — como varejo, indústria e construção — que têm entre 1 e 250 colaboradores. As empresas estão localizadas, principalmente, em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A amostra é composta por 62% de mulheres e 38% de homens, com maioria (63%) entre 25 e 44 anos. O questionário online foi enviado entre novembro e dezembro de 2024.
Familiaridade com o tema
Segundo o estudo, a proximidade com a IA cresce de acordo com o tamanho das marcas. Enquanto apenas 31% das microempresas se dizem muito ou extremamente familiarizadas com o tema, esse número chega a 83% entre as médias. Os gaps ficam maiores quando comparadas empresas nativas e não nativas digitais, especialmente em conceitos mais técnicos como IA generativa (37 pontos percentuais de diferença), deep learning (36 p.p.) e redes neurais (36 p.p.).
Os chatbots aparecem como o conceito mais familiar para as MPMEs: 83% das médias empresas conhecem a tecnologia, contra 70% das pequenas e 44% das microempresas. As áreas de marketing (17%), TI (16%) e atendimento ao cliente (14%) são as principais responsáveis pelas aplicações práticas da IA: principalmente assistentes virtuais para atendimento (73%), pesquisas na internet (66%) e oferta de serviços personalizados (65%).
Estrutura e estratégia
A pesquisa mostra queda no uso de diversas tecnologias em relação a 2023. Softwares de videoconferência e de cibersegurança baixaram 15 pontos percentuais. Softwares de visualização de dados, CRMs e plataformas de colaboração remota recuaram 14 pontos cada um.
Segundo Cerqueira, isso aconteceu porque o home office trouxe um uso generalizado das tecnologias pelas empresas. Entretanto, a especialista acredita que a IA pode ser um aliada no escritório. "Quando a empresa adota tecnologia é uma fonte de motivação para seus colaboradores que já detectaram os benefícios e consideram a IA como uma ferramenta indispensável no dia a dia", afirma a vice-presidente da Microsoft.
Segundo o levantamento, as tecnologias mais utilizadas pelas MPMEs são hardware, antivírus, computação em nuvem e softwares para processamento de dados. Empresas nativas digitais utilizam com mais frequência quase todas as tecnologias analisadas, com exceção de antivírus.
Benefícios e desafios
As motivações para adoção da IA também variam conforme o tamanho da empresa. Entre as médias, 59% usam para ganhar eficiência e produtividade. Já para 60% das microempresas, a prioridade é melhorar o atendimento e a satisfação do cliente.
Entre os benefícios operacionais, aparecem a economia de tempo — especialmente para micro (55%) e médias empresas (54%) —, eficiência produtiva (49%) e redução de erros humanos (43%), mais citados por empresas de pequeno porte. No total, 77% dos entrevistados relatam melhoria na qualidade do trabalho, 76% percebem aumento de produtividade e 70% observam maior satisfação dos clientes.
Para Cerqueira, a IA generativa está ganhando espaço. "Ela (IA generativa) facilitou muito as atividades de marketing, como geração de textos e imagens, e campanhas como um todo. O que vemos é uma democratização da tecnologia que traz agilidade e benefícios desde tradução de documentos até suporte e maior produtividade individual", diz.
A cibersegurança também foi mencionada na pesquisa. No último ano, 28% das empresas respondentes sofreram algum tipo de ameaça relacionada ao uso de IA — um aumento de 12 pontos percentuais em relação a 2023. Entre as nativas digitais, o índice chega a 41%; entre as microempresas, fica em 16%.
A principal preocupação é o roubo ou uso indevido de dados (48%). Em seguida, aparece manipulação de modelos como roubo (extração) e envenenamento de dados (33%) e o software nocivo avançado alimentado por IA (30%).
Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios